sexta-feira, 8 de setembro de 2006

3 tempos

4 meses de namoro, cinco anos dormindo juntos e um dia no cinema com cheiro d’eu acabei de te conhecer e estou louca para não ver o filme.
...uma chuvinha fina caindo nos olhos.
- você vai vomitar?
...uma chuvinha enorme dentro da gente, às 4 horas na minha casa combinado então?
vontade de tomar chocolate quente denso denso. anota meu telefone caso mude de idéia.
...é tempestade eu acho, começa com um trovão e quando vê invadiu o mundo. mas foi tudo muito certo, tudo muito no seu tempo. sexta feira meus pais vão no cinema.
- eu sei que às vezes não é muito fácil me levar a sério, mas eu te adoro.
- eu também te adoro, cada dia mais...
ça va très bien euh hum uee...se a gente falar francês nasce sol. d’accord...
outro dia ganhei uma rosa, no outro um bilhete e no outro um livro. outro dia dormi com você 4 dias, mas isso já faz cinco anos. eu quero namorar com você. também ganhei isso.
- você sabia que a espuma do mar são os testículos de Urano?
fez só chuva, mas eu gostei. chuvinha nagente o dia todo, kalookawana.
pega a água dessa garrafa aqui e joga tudo naquele carro, vai, é gostoso! alívio. pode me contar tudo, agora. desde merda até mitologia grega. um dia a gente vai até a ilha da avenida paulista e passa o dia todo conversando, sentindo frio. depois a gente toma milkshake de flocos. eu podia passar a vida assim, com você, mas fica longe quando eu for falar no telefone porque eu tenho vergonha...não iria enjoa nunca.
- é que eu te amo.
quando eu era pequena o porteiro perguntava: paulinha, você é bonita ou feia? eu respondia: feia não! e olhava de longe o menininho do outro lado da rua, sobrancelhas franzidas dizendo
- que ridículo! isso é ridículo....ridículo!
depois ele fazia cara de safado e botava a língua de canto na boca, saindo um pouquinhozinho pra fora.
quando eu era pequena, eu queria te conhecer, sempre quis sabia? mas você parava do outro lado da rua e só me mandava um beijinho, que chegou aqui faz pouco tempo, 4 meses cinco anos um dia no cinema. ele estava molhado da chuva, e ainda está.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

texto conjunto: eu e Nícolas. (precisamos fazer um melhor, hein?!)
=p

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Perguntou se eram mesmo bananas, porque mais pareciam rolhas. O outro, que até então via apenas bananas e mais bananas, começou também a questionar-se:

- rolhas-por-que-não?

por-que-não-rolhas?

- não-por-que-rolhas!

E saíram para os quais colher coágulos não valia.

Lá, onde não colhiam coágulos porque não valia, decidiram hummmmm...colher coágulos! Por que não valia? Colheram coágulos com rolhas...

...as quais pareciam bananas. Viram-se então envolvidos novamente pelo enigma das banarolhas ou rolhananas. Um que as deglutia, e outro que vedava garrafas. Sem saber, claro, que de fato nada daquilo existisse embaixo d’água.

Um dizia ao outro:

- elas voam, elas voam! São banarolhas aéreas...poxa...

E o outro respondia pro um:

- eu sempre quis voar...

Nada então faziam além de decolar e aterrissar daquelas banarolhas, banais bananas ninando feito ninjas em roliças rolhas redondas feito bananas feito rolhas.

Morreram de escoliose.

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domingo, 26 de março de 2006

À



(...) Ela adorava lembrar do que não sabia. Porque isso era inventar. E era tudo o que conseguia fazer. (...)
A menina também inventava o amor. (...)
E a cada dia que vivia, um pedaço do seu coração era arrancado por esse amor sufocante, que não ia embora. E quando ia, não importava mais, porque já tinha arrancado um pedaço. Sem volta. E sempre havia outro amor vindo pra lhe tirar um pouco mais do coração. A menina deixava em cada amor um pouco de si mesma. Vai ver que é por isso que não se conhecia. Ela era fragmentos espalhados. (...)

segunda-feira, 6 de março de 2006

beijo na careca

Outro dia passei na esquina da sua casa, naquela ladeira. Pensei então em interfonar e dizer que estava ali embaixo, sozinha. Mas talvez seus pais atendessem, ou talvez fosse muita cara de pau, desisti. Achei que era melhor ligar antes Oi, lembra de mim ainda? É que estou na esquina da sua casa, pensei que.... Mas achei que você podia não se lembrar de mim, desisti. Fiquei ali na esquina então, tentando te espionar pela janela. Pensei que você pudesse dali a pouco colocar a cabeça para fora, e talvez me visse que nem barata tonta andando de um lado pro outro da calçada Nossa! Fazendo o que por aqui? Sobe, estou sozinho... Mas achei que não estaria sozinho, e só de pensar em imaginar tal situação, desisti. Sentei na sarjeta, olhando pro tal prédio. Pensei em deixar um bilhete, mas seria romântico demais; depois pensei em esquecer alguma coisa por ali só pra você se lembrar de mim, mas você não notaria. Pensei de repente em ir embora, mas você já estava impregnado na mente e não tinha jeito, desisti. Resolvi ser normal e perguntar ao porteiro se você estava em casa, e ele me disse sorrindo torto pelo canto da boca:

- ixi moça, já faz 2 meses que ele se mudou!

Então meus olhos quiseram beijar a careca daquele porteiro, mas apenas sorri de volta, cheia de gratidão. Fechei o portão e desci a ladeira saltitando, porque não te conhecer é bem mais fácil do que sentir a sua falta.

domingo, 1 de janeiro de 2006

2006

Para que meus inimigos tenham mãos e não me toquem

Querendo-me sua toda vez que não te vejo só porque não te vejo e isso basta para ter saudades sendo você ninguém e todo mundo ou qualquer homem aí que já foi ou que será Mas não importa muito porque eu sempre te quero e só isso já me faz vulnerável e eu não quero ser Preciso aprender a não querer-te sem querer Sem contar aqueles dias em que ninguém mais vê aquilo que eu já vi e não adianta nem comentar porque não vai mudar e quem sou eu pra tentar abrir os olhos dos outros mas no fundo eu acho que eles abrem sozinhos assim pouco a pouco ou talvez eu até ajude a abri-los O problema não são os outros sou eu Precisando abstrair e perceber que não é como eu gostaria que fosse Adaptar-me Eu não vou mais piscar porque quando pisco fico inconsciente Eu não quero retroceder Ver uma situação se repetir e sentir que fui uma filha da puta porque agora eu estou do outro lado e o ponto de vista muda tudo Me desculpa Aprender que eu te amo acima daquilo tudo Conseguir fazer isso ter sentido Não retroceder

4, 3, 2, 1
mãos dadas pular na piscina saia flutuando tá parecendo a iemanjá pular de novo 7 vezes muita água estou sem ar ai que coisa de sedentária puta merda como eu te amo muita água vamos fazer corrente tá quente aqui eu te amo eu te amo eu te amo acho que vou chorar tá escuro ninguém vai ver eu te amo queria que todo mundo que eu amo estivesse aqui nem chorei engoli água mesmo agora ta frio quero uma toalha e um colo quentinho

Feliz ano novo

Dizem que exagero E eu aqui, nego: Sinto muito. Quando gosto, expando Quando desgosto, debando Dizem que não falo eu,...