quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Olhos que cheiram

Coisa rara os encontros com os outros, pensou. Enquanto observava dois cachorros se cheirando minuciosamente na beira do mar, imaginava se os humanos também se cheiravam, de alguma forma, quando se conheciam. Acreditava que sim, que pelo olhar as pessoas também se cheiravam. Era por isso que tanto observava antes de falar. Queria saber com quem estava lidando, antes de lidar, e por isso observava com grandes olhos assustados tudo o que aparecesse na sua frente. Não falava uma palavra sequer antes de cheirar. E dos cheiros que conseguia captar formava uma ideia do que viria a seguir, e - espantada - quase nunca errava.

Um comentário:

Marina Guyot disse...

paulete! cheguei aqui através do blog do seu pai que publicou o dele no facebook hoje.

que lindo seu blog. adorei tudo que li, de tudo que vi, senti mais ainda alegria nas palavras e de como elas podem ser li(n)das internamente.

Agora: te sigo!

Dizem que exagero E eu aqui, nego: Sinto muito. Quando gosto, expando Quando desgosto, debando Dizem que não falo eu,...