Do chão de fato ninguém passou. Na verdade, ao experimentar
a concretude da pedra fria, perceberam que precisavam da aspereza, do gosto
cinza, da lama que se espalhava entre os dedos. Viver era uma urgência, e isso
implicava, também, o contato diário e íntimo com o chão. Tinham pedido por isto:
um ano igual a bolo de rolo – enrolado e gostoso. Tiveram. O mundo é tão vasto,
diziam, de cara na pedra fria, pra ver se congelavam também as tristezas e
reinventavam o olhar. Lá de baixo – no chão – foi que começaram a perceber os
pés, todos eles enlameados, naquela dança estranha e inesperada. Perceberam
também os nozinhos todos que se formavam e se enrolavam e se transformavam a
todo tempo. O mundo é tão vasto, e essa imensidão de possibilidades, e o chão,
e o céu. Deitadas de costas no asfalto, pensaram que o céu, tão amplo, tão
infinito, lá onde dizem que é o limite, só fazia sentido em referência ao chão,
duro e frio. Onde tem chão, tem céu, e essa imensidão que fere e faz renascer.
Chão-céu, todas nós, os nós.
terça-feira, 11 de outubro de 2016
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Dizem que exagero E eu aqui, nego: Sinto muito. Quando gosto, expando Quando desgosto, debando Dizem que não falo eu,...
-
Juntam-se idéias pequenos raios de lua Miram-se espelhos de almas boas iguais Assistem-se imagem nos olhos inquietos de imaginação Cansam-se...
-
4 meses de namoro, cinco anos dormindo juntos e um dia no cinema com cheiro d’eu acabei de te conhecer e estou louca para não ver o filme. ....
-
Toc-toc-toc, no meio do meu quase. Fiz que fui, mas não cheguei. Ou. Ali, de repente, parei fundo no chão e percebi que não chegar era mais ...
Um comentário:
<3 <3 <3
Maravilhoso!
(Aline)
Postar um comentário