quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Aparências

Vinha com uma firmeza de estremecer. Não demonstrava qualquer tremor nas mãos, piscar de olhos, exitação na fala. Tinha essa brilhante maneira de se mostrar próximo sendo distante, e de estar distante mesmo quando próximo. Era paradoxalmente o ser mais primitivo e evoluído que se possa imaginar. Não demonstrava qualquer tipo de sofrimento ou dúvida, nunca. Não deixava e sobretudo não queria que ninguém se sentisse mal por sua causa. Distribuia afeto e carinho para quem merecia tapas. Não falava sobre remorso, inveja ou ciúme. Não deixava comida no prato. Dava abraços demorados que reconfortavam a alma, escrevia liricamente para quem precisasse ouvir, perdoava muito, muitos.
Quando chegava em casa, chorava escondendo o rosto com as mãos, sem coragem de se olhar no espelho e decobrir que era humano, demasiadamente.

2 comentários:

r i l o disse...

rolou uma mini enxurrada de textos aqui, hein?

esse foi meu preferido.!

Maô disse...

uh, que bonito!

Dizem que exagero E eu aqui, nego: Sinto muito. Quando gosto, expando Quando desgosto, debando Dizem que não falo eu,...