segunda-feira, 16 de novembro de 2015

amor engavetado



Tem tanta coisa no meu armário.
Hoje mesmo achei você, disfarçado de papel:
5 cartas escritas à mão.
Junto delas, amor empoeirado.
No meu armário não cabe mais nada,
Mas amor eu sempre encontro um jeito de guardar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

fresta



Toc, toc, toc, bateu com força. Inusual, dessa vez abriram. Entra, tô aqui, tô pronto. Estranho, pensou, porque ninguém tá quando quer. Tava lá, mesmo, inteiro. Sem se deixar notar, arregalou os olhos; assustou. Balançou de leve a cabeça em tom incrédulo. Como é que pode, de fato, se dizer o que se quer? E estar, sem meio mais ou menos, quando se quer? Nem mesmo aceitou tanta inteireza. Pra se proteger, né?  Do quê? Do quê. Tempos depois, naquela hora em que tudo já é tão memória que de repente ganha clareza, enxergou. Por que não ficou, afinal? Teve medo, fugiu tal qual ladrão na calada da noite. A gente vive é misturando o que se quer com o que se devia querer, dizendo hoje o que era ontem, insistindo num amanhã que não devia. A gente vive é com medo de estar quando quer.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

tempos modernos



I.
Tempos modernos
de ter tanto tantos
que já não se sabe mais
se tanto fez, ou se tanto faz.

II.
Tempos modernos
Te reconheço sem te conhecer,
Te esqueço sabendo-te.

terça-feira, 28 de julho de 2015



I. Re-pele

A pele apega e apaga
A praga da pele pede
Pelos poros a pele pede
Pelos pelos a pele pede
Pelo menos a pele pede

A praga do apego da pele
Apaga a praga do apego da alma
Ah, pega a pele,
Repele e acalma

II.
Nesses dias só soul
Quem é que não é?

Pairo na ponta do pé
Salto quase, mas não.
Finco no chão
À espera de
No nada nem talvez
Descambo um pouco
Não muito, não.
Descambo em silêncio,
Quem viu, não sabe
Melhor nem
Vou quase. Já fui
Soul

Dizem que exagero E eu aqui, nego: Sinto muito. Quando gosto, expando Quando desgosto, debando Dizem que não falo eu,...