Andava como quem espreita, em busca de calor. Dizia que era
saudade do filho, e quem o via notava o corpo oco de longe. Chegava quase
sumido nos lugares, cumprimentava com um aceno, quase sem querer. Era oco de
tanta saudade. Tinha o olhar triste, como quem acaba de receber notícia ruim, e
no entanto a vida só lhe trazia sortes. Aos que percebiam, discretos, que
existia ali uma busca, uma porta se fechava. Não era possível compartilhar
calor com aquele corpo, já oco de tudo, sem chance de se aquecer. Nas
frustradas tentativas de aconchegar aquele coração, o que acontecia parecia ser
o contrário. Quanto mais se tentasse aproximar, mais arredio o corpo ficava.
quarta-feira, 13 de julho de 2016
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